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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O Filho do Sonho Cap. IV



IV
O telefone celular de Jessie tocou assim que ela chegou em casa.
        - Jessie? Sou eu, William. –Havia urgência e preocupação na voz do Dr. William Kindale ao telefone .
        - Oi, como você está? –  Jessie jogou a bolsa no sofá e as chaves na mesa. Ficou tentando falar, enquanto tirava os sapatos com uma careta de cansaço.
        - Eu estou bem. Queria avisar pra você não ficar se preocupando comigo. Precisa se cuidar. Essa bomba estourando na sua mão. E eu respeito sua decisão de não contar sobre o pai do seu filho...
        - Eu não queria ver você envolvido nisso. Eu sinto muito, William. Se eu pudesse ter evitado o problema...
        - O Dr. Beldover pediu que você ficasse afastada por um tempo – William interrompeu Jessie e disse num repente. Ela ficou quieta por uns instantes.
        - Jessie?
        - Oi... E os processos em que estamos trabalhando? Como vai resolver tudo sozinho?
        - Ele vai ter  conseguir ajuda. Mas não se preocupe com nada. Cuide de você e do bebê. Sempre que puder, ligarei. Se não incomodar, é claro.
        - Ele me dispensou, não foi? – Jessie interrompeu com voz cansada - Também acha que temos um caso, não é? – Jessie falava com amargura e decepção sobre o velho Dr. Beldover.
        - Ele quer apenas abafar o caso e manter as aparências na empresa. – William respondeu com tristeza. – Mas não desanime, pois tudo vai ser esclarecido, mais cedo ou mais tarde.
        - Tudo bem, William. Obrigada por me avisar.
        - Se cuida, ta?
        Quando desligou, Jessie pôde parar de se segurar e finalmente chorou.

Os dias se arrastaram sem muitas ocorrências importantes. Jessie ficava ligada nos noticiários, esperando que aparecesse alguma notícia do tal escândalo, ou simplesmente a sua versão, mas nada mais falaram sobre o caso.
        Como se não bastasse o fato de ter pesadelos horrendos sobre aquela gravidez inexplicável, agora tinha noites de insônia cada vez mais frequentes. Mesmo acordada, ficava imaginando inúmeras hipóteses, cada qual mais obscura e horrenda que a outra...  
A sua rotina estava cada vez menos interessante. Consultas médicas, exercícios, exames, leituras sobre gestação... O momento menos angustiante era quando fazia suas pesquisas sobre o que estavam trabalhando no escritório e fazia suas anotações para ajudar na defesa ou acusação nos processos mais complicados. O divórcio do casal Zarco era bem difícil os seus colegas advogados iriam precisar de toda ajuda que tivessem.
        Como acionista da Beldover, Jessie recebia parte nos lucros da empresa, o que não comprometia suas finanças pela perda do emprego. Mas foi com espanto que viu o seu salário normal depositado na sua conta no fim daquele mês. É claro que, como advogada, conhecia os seus direitos, mas não iria brigar na justiça se eles resolvessem não lhe pagar. O Dr. Beldover que se exploda! – pensou com mágoa e revolta.
        Não via ninguém há duas semanas, exceto Anna, que a acompanhava sempre em suas consultas e exames médicos. Quando a campainha tocou naquela tarde, foi com surpresa e desconfiança que Jessie abriu a porta para a Sra. Vera Kindale Beldover.
        - Olá, Senhora Beldover. O que... – Jessie não conseguiu terminar a frase, porque a mulher morena e alta na sua frente lhe estapeou com um jornal que trazia na mão.
        - Então, é aqui que a amante vagabunda do meu marido mora... – Foi tudo tão rápido, que Jessie não teve tempo para esboçar qualquer reação. A mulher se expressava com desprezo e zombaria. Empurrou Jessie e foi entrando, olhando tudo como se estivesse com nojo. – Fique aí, Armand. – ordenou ao motorista que a acompanhava - Terei o maior prazer em cuidar disso sozinha...


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